quinta-feira, 6 de março de 2014

Filosofia Braviary


Sou uma apaixonada pela cultura japonesa, desde...desde...Cavaleiros do Zodíaco!
Sim, talvez a maioria de vocês ache um absurdo, mas e daí, me apaixonei pelo anime, a assim fui conhecer um pouco mais, e me apaixonei.
Me tornei uma grande consumidora de Animes, Mangás, e rock japonês, sem contar a culinária fantástica, mitologia, moda, e minha paixão mor, brinquedos!!!
E é tradição minha, quando quero tirar um dia pra mim, ir passear na Liberdade, respirar essa cultura oriental me faz um bem, que eu mesma não sei explicar.
Hoje, não foi diferente, depois de um pouco de tensão, dessas que eu não sentia desde que prestei vestibular pela ultima vez, eu decidi fazer meu passeio relaxante pelo bairro da Liberdade.
Tomei café, como de costume, na Bakery Itiriki (a propaganda é de graça, eles merecem), e fui caminhar, depois de uma hora de caminhada, decidi ir às compras, no Sogo, e entre uma loja e outra, encantada pelas pelúcias dos meus personagens favoritos de mangá, comecei a conversar com um vendedor, um jovem, de uns 18 anos, muito simpático.
Quando retirou um objeto que pedi do mostruário, ele me pediu um segundo para fechar um enorme alfinete, comentei com ele que eu não gostava de me furar, ele sorriu, e disse que naquele lugar você nem tinha essa opção, que já havia se furado tanto, que nem sentia mais.
Disse a ele que entendia, eu era assim com queimaduras, por causa dos meus instrumentos de trabalho, ele então me retrucou dizendo que com queimaduras era preciso cuidado, pois elas deixavam cicatrizes, sem pensar muito, respondi que cicatrizes era sinais de experiencia.
Mais uma vez o menino sorriu e disse "Filosofia Braviary"
-Oi? - perguntei sem entender.
-Braviary é um pokemon, quanto mais cicatrizes, mais respeitado ele é dentro do grupo...

Fui embora, mas isso ficou em minha cabeça...
Comecei a pensar em todas as cicatrizes que carrego comigo, não me refiro as visíveis, as marcas em minha pele, que não sou poucas, mas as marcas em minha alma, as marcas que fazem de mim a pessoa que sou hoje, porque sei que sem a maioria delas a vida seria diferente, talvez até mais fácil. Certamente menos dolorida seria, afinal, de onde vem as cicatrizes, de feridas profundas, pois as superficiais não marcam, só os grandes machucados...

Lembro-me de na minha adolescência, dizer a uma amiga, que se eu, um dia, tirasse a máscara que uso, ela veria tantas cicatrizes, e aos olhos dela, eu seria um monstro. Eu tinha 17 anos, e juro, não exagerei em nada. Tenho marcas em mim tão profundas, que me pergunto se são de verdade cicatrizes, ou se são feridas abertas, porque as vezes posso garantir que elas sangram.
Hoje, tenho 30, são mais 13 anos de cicatrizes, e eu não tenho coragem de me olhar no espelho, sem a máscara que eu mesma me dei a anos, não sei como é por baixo dela, tenho de verdade medo de um dia ela quebrar e eu ter que conviver com esse ser marcado, que eu sou, as vezes ela trinca, e um pouco desse "demonio", vem a tona, e eu sei o quanto ele é terrivel, logo, encontro meios de corrigir a trincadura.
As vezes nem é preciso muito, apenas um tempo dentro da minha própria cabeça ajuda, uma conversa com a minha Kyuubi, e pedir a ela mais tempo, pedir que ela não venha pra fora, implorar que ela continue fechada, pois ninguém está preparado pra vê-la de verdade...

Quando comecei esse blog, eu afirmei que eu não sabia quem eu era...
Hoje eu me pergunto se eu não sei mesmo, ou se apenas poupo os outros de conhecer o que só eu conheço...

Cicatrizes...não são ruins, na verdade, as vejo como um sinal, um aviso, se você fizer de novo, vai se machucar.
As cicatrizes impedem que você cometa os mesmos erros...

Semanas atrás a Ellie queimou o braço, depois de eu dizer um milhão de vezes pra ficar longe dos meus equipamentos...Agora, toda vez que ela olha a cicatriz, sabe que se mexer de novo, vai se queimar, ela olha o braço e logo diz "quente".

Sim ela aprendeu a lição, e eu espero que essa seja a unica cicatriz que ela leve para sua vida, apesar de saber que isso não será possível, mas me comprometo a fazer de tudo para que elas carreguem o minimo, que elas não sejam pessoas marcadas...e que a filosofia braviary acabe aqui, em mim!



Sign

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Do amigo imaginário ao virtual



Há alguns anos, minha filha mais velha, veio até mim, parou bem na minha frente e disse:

- Mãe, essa é a Erlena, minha amiga!

Meu coração quase saiu pela boca, afinal de contas, Erlena, era alguém que eu não conseguia ver. Eu sorri e cumprimentei a "amiga" de minha filha.
Mas as coisas não pararam por aí, pouco tempo depois, surgiu o Ricks e o cachorro deles, o Harbeys. Ela passava o dia brincando com seus novos amigos, e a noite, na hora do jantar, me contava suas aventuras, que eu ouvia atentamente, e ficava orgulhosa da imaginação tamanha que minha filha possuía, afinal, grande parte das crianças perderam essa capacidade, com tantos recursos, a imaginação se tornou algo desnecessário, cheguei a ver inclusive um jogo, que era uma espécie de livro e a medida que as crianças iam mudando as paginas, os cenários apareciam na tela, poxa, a leitura era uma maneira de ser transportado para um mundo especial, onde vc era o arquiteto de tudo, com esse jogo, isso acaba. Tiram essa capacidade das crianças e a troco de que? Bem...logo descobriremos.
Porém, cada vez mais que minha filha se aprofundava em seu mundo com os amiguinhos, percebi que ela precisava de um contato real, de possuir amigos de carne e osso.
Então, resolvi ter com ela a conversa sobre imaginação e realidade.
Falei que seus amigos moravam na cabeça dela, e em seu coração, mas que não podiam sair dali, que eles eram tão especiais, que só ela os podia ver e falar com eles, e que agora ela também precisava fazer amigos que existisse fora da cabeça dela.

Ela me olhou confusa e perguntou:
- Mamãe, você também tem amigos imaginários?
- Não, meu amor, não tenho, mas já tive!
- Mas mamãe, eu vejo você falar com o papai de amigos que eu nunca vi, e acho que eles só existem na sua cabeça.

Ela se referia a meu amigos virtuais.
E tinha razão, eu falava com eles, eu "os via" mas mais ninguém podia vê-los ou falar com eles, de certa forma, eles também eram amigos que viviam em minha imaginação.

Foi estranho param mim admitir, dentro de mim, que era verdade, que eu havia de certa forma regredido, que eu estava ali, querendo que minha filha abandonasse seus amigos imaginários e criasse laços reais, mas eu mesma havia trocado os meus laços reais, por laços virtuais, que nada mais é que um laço imaginário.
Sei que nesse momento, muitos estão torcendo o nariz, dizendo que fez amizades verdadeiras na internet, e não duvido, eu também fiz. Mas o que eu digo é, o contato virtual tem cada vez mais substituído o contato real.
Hoje pessoas vivem vidas virtuais, onde são o que gostariam de ser, e esquecem de viver as suas vidas, tem amigos virtuais e se esquecem dos amigos que levaram tanto tempo para conquistar. Preferem viver recluso em um mundo só seu, a enfrentar o mundo de verdade.
Viver não é fácil, ninguém disse que é.
Criar laços é bastante difícil, e muitas pessoas, assim como eu, tem grande dificuldade em fazer isso, porque laços, não são nós, e podem ser desfeitos, porém, laços enfeitam, nós apertam. Laços embelezam a vida de qualquer pessoa.

Eu, quando criança, tive um irmão imaginário, se chamava Rafael, foi o primeiro laço que tive, é engraçado, até hoje sonho com ele, e ele acompanhou meu crescimento, hoje ele é adulto.
Mas a vida fez com que meu irmão imaginário durasse pouco em minha vida.
Então, todos os amigos que fiz, foram passageiros, não tenho um amigo de infância, alguém que tenha sido testemunha da minha vida, não até os 3 mosqueteiros chegarem, Laurito, Anderson e Cristiano. Eles foram meu laço mais forte e duradouro, meus amigos, minha família, eles foram base para eu me tornar a pessoa que sou hoje, e sou muito grata a eles, pois eles me introduziram num mundo rodeado por amizade e amor, eles me ensinaram como fazer um belo laço, como cultivar um grande amigo.
E depois deles, outros amigos vieram, outros laços foram criados, até o dia que eu regredi.

Não, não me arrependo de ter voltado a ter "amigos imaginários" jamais, aprendi muito com eles, inclusive, que não importa o quão dura sua vida esteja, vivê-la, sempre é a melhor escolha.

I ll be there for you

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Será para mim, única no mundo!



Quando eu tinha cerca de 17 anos, comecei a cursar ETE Lauro Gomes em São Bernardo do Campo, um lugar mágico, sempre acreditei que quando se atravessa os portões daquele lugar, vc é direcionado a um universo paralelo, pois nada acontece lá, sem que vc carregue aquele contigo pra sempre, todas as lições lá, são aprendidas.
Conheci pessoas incríveis, e acredito sinceramente que cada uma delas mereçam que suas histórias em minha vida sejam contadas, hoje, porém começarei com a primeira pessoa que eu troquei uma palavra lá.

Fábio!

Lembro-me apenas que ele era mais velho do que eu, bem mais velho, só realmente não me lembro o quanto, mas idade nunca foi nada pra mim, via pessoas, vejo, todas são iguais, apenas com mais ou menos experiência, e uma coisa não está ligada a outra.

Fábio era uma fonte sem fim de histórias incríveis e bons conselhos.
Ele havia vivido muito, feito coisas muito erradas, e naquele momento, ele estava tentando recomeçar, estudar, se formar, ser um engenheiro, e como tínhamos um milhão de sonhos e idéias em comum, nossa amizade fluiu como agua.

Um dia o qual me lembro perfeitamente, foi uma tarde ensolarada, sentados atrás dos bancos, na parte gramada, vendo a cidade la de cima, e conversávamos sobre saber amar.
Eu disse num comentário infeliz, que alguém não sabia amar, e ele sem tirar o belo sorriso que tinha dos lábios, me retrucou: "E você sabe? Não! Você não sabe!"

Eu não consegui dizer nada, porque aquilo era verdade, gostar de alguém, se sentir apaixonado, nada tem a ver com amor.

Pouco tempo depois dessa conversa, ele foi embora, não terminou o semestre, simplesmente sumiu, pra minha tristeza, que havia perdido um grande amigo.

Mas algo ficou, eu passei muitos anos sem entender o que ele queria dizer com saber amar, o que era esse amor, essa coisa tão difícil de entender?
E sai em busca do maior amor do mundo, aquele que ninguém tem, aquele que consome, aquele que a gente vê nas letras de musica, ou nos filmes.
Eu busquei ele em todos os lugares, nos mais inusitados, eu busquei, eu amei, e tive meu coração partido em  cem por cento das vezes, porque, talvez, eu não soubesse o que eu estava procurando.

Eu ouvi palavras duras, eu fui jogada fora, esquecida, e cada vez mais chegava a conclusão que os outros não sabiam amar, que amor, isso é mentira, porque ninguém pode fazer de alguém assim tão importante, ninguém pode amar, como o pequeno príncipe amava sua rosa, ela era único no mundo para ela, mas ela só tinha a ele, ele não, viajou o mundo inteiro, encontrou outras rosas, e mesmo assim, foi fiel e leal ao amor da sua.

Mas talvez, apenas ontem eu tenha entendido o que é amar de verdade.
Porque eu pude ver, eu pude sentir, não apenas o maior amor do mundo que eu tanto busquei, mas o amor incondicional. Aquele que não se importa com o que vc faz, ele não some, ele não diminui, ele apenas aumenta.
Ele não precisa ser declarado a todo instante, na verdade, com um amor assim, a frase "eu te amo" é completamente dispensável, ele é tão forte e imenso, que se vê nos olhos, se sente no toque, daquele que nunca vai te abandonar, vai estar ao seu lado, mesmo q vc o machuque, pq é muito facil machucá-lo, porque ao contrario do que pensamos, ele é sutil, invisível aos olhos comuns, mas quando vc aprende a vê-lo, vai entender tudo o que foi incapaz de ver a vida inteira.

Como o aperto de mão do meu pai, vale mais que um milhão de abraços apertados.
Que o olhar das minhas filhas, e o seu sorriso, pra mim, mesmo depois que eu brigo com elas, vale mais que todos os eu te amo, que eu ouvi na minha vida.

Ontem eu vi que eu já era a rosa de alguém, mas fui incapaz de ver, pq eu nunca soube o que eu estava procurando, fui atrás de esteriótipos, mas a verdade é que amor, não é nada disso que te mostram na tv.
Vc não aprende nos livros, não está escrito em canto nenhum que aquele cara, que esquece o aniversário seu aniversário, ou que não se importa se hoje é um dia especial ou não, aquele que parece te ignorar, que nunca presta atenção em nada que vc diz, é a pessoa no mundo que te ama incondicionalmente.

Ele pode não ouvir vc falar da novela, mas ele vai saber quando vc esta precisando desabafar, e vai te ouvir, e sem dizer nenhuma palavra, sem te julgar, recriminar, vai te ouvir.
Vai cuidar da sua dor, mesmo que fazer isso o mate por dentro.
ele vai secar a suas lagrimas e custe o que custar ele vai devolver o sorriso aos seus lábios.
Ele vai ser seu amigo, sua família, seu anjo, seu tudo.
Ele nunca vai embora, e nunca vai te deixar ir.
Porque a única coisa que é verdade de todas essas coisas que se lê sobre amor, é que ele nunca acaba, nunca vai embora, porque quem te ama, não desiste de você. Isso é verdade.

Se quer aprender a amar, feche os olhos, tape os ouvidos e apenas sinta!


Somebody to love

quinta-feira, 21 de março de 2013

Você tem medo de que?



Medo, segundo o dicionário Aurélio, medo é um sentimento de viva inquietação ante noção de perigo real ou imaginário. 
Geralmente nossas fobias começam em nossa infância, algumas incentivadas por adultos, outras alimentadas dentro nós, sabe lá Deus o porque...
Eu nunca fui das mais medrosas, não tenho medo de escuro, acredito que nunca tive. Sempre gostei de histórias de terror, inclusive, tenho verdadeira paixão por filmes do gênero e games então, nossa, quanto mais assustador mais interessante. Porém, tenho meu estilo de terror, gosto de terror a lá Zé do Caixão, acho muito melhor uma porta que se fecha, sem motivo nenhum aparente, do que um corpo coberto de sangue, porém é muito comum as pessoas confundirem uma espécie de nojo com medo. Por exemplo, tenho o maior nojo de baratas, mas não tenho medo, da mesma forma que ver viceras e sangue espalhados, isso dá nojo, não medo.
Eu, tenho quatro medos insanos, desses que eu sempre procurei explicação, mas não encontro nada plausível, talvez um bom terapeuta conseguisse encontrar a origem deles, mas por hora, me contento em apenas falar sobre a existência deles, sem entender sua origem.
Flor de maracujá (enquanto busco essa imagem, estou toda arrepiada)
Muitos acham essa florzinha de uma beleza incrível, e é até um elogio ser chamada de flor de maracujá. 
Eu, por minha vez, vejo um perigo mortal. Pior que um monstro, na verdade, isso pra mim é um monstro, um bicho nocivo, e me lembro de ter pavor dessa florzinha aí, desde que me entendo por gente.
Se eu passo por um pé de maracujá, eu não olho para ele, se tem uma flor, tenho ataque de pânico, já saí correndo, se não posso fazê-lo, começo a suar frio e a tremer.
Ta eu sei, é só uma florzinha, aqui, consciente, eu consigo assimilar isso, ma na hora do vamos ver, minha sanidade para de responder.

Borboletas 
Outro medo, completamente sem noção.
Ter uma borboleta no mesmo ambiente, para mim, é aterrorizante.
Sei, elas não podem me fazer mal, porém...eu não tento explicar...só sei que tenho medo.
Ontem mesmo uma apareceu na janela do banheiro, durante o banho, e meu coração quase saiu pela boca, a vontade era de sair dali o mais rápido possível.
E o meu medo é tão absurdo que acabei passando ele, ou parte dele, para minha filha mais velha.
Certa vez, estávamos chegando ao posto de saúde do bairro, para levar minha filha menor a uma consulta de rotina, No momento em que estávamos entrando pela porta da recepção, Cecília deu um grito tão desesperado que os médicos saíram de seus consultórios pra ver o que estava acontecendo.
Olhei pra ela, que estava sem cor, olhando pra minha calça, apontando a borboleta que tinha pousado em mim. Tremendo e controlando meu pânico, dei um tapa na borboleta, e fingi que nada tinha acontecido, dali em diante, precisei me policiar na frente dela, para que ela não herdasse meu medo maluco.
Hoje ela gosta dessas coisinhas com asas, mas pra mim...isso ainda é fonte de muito medo!

Palhaços
Seja sincero, existe coisa mais aterrorizante que um palhaço? Esse sorriso desenhado, esse fingir estar sempre feliz.
Palhaços pra mim são macabros, a verdadeira face do mal!
Ta...esse medo eu entendo, um pouco...
Começou na primeira vez que fui ao circo, na época, esses circos de bairro chamavam as crianças pra brincar no picadeiro.
E eu fui uma das crianças escolhidas, e um palhaço presidia a brincadeira, porém cada eliminado era conduzido até a arquibancada novamente, pelo palhaço, que corria atrás delas com um taco de baseball na mão...e eu fui uma das crianças perseguidas...
E por fim...minha adorável irmã, que fez com que eu assistisse com ela, "it, obra prima do medo"
Bem, se vc assistiu a esse filme antes de completar 10 anos, assim como eu, certamente vc tem pavor de palhaços e de balões de festa...

Solidão 

Certa vez, ouvi de um professor de faculdade, que ele confundia fácil, estar sozinho,  com solidão, por isso ele evitava ficar desacompanhado, pois estar só, fazia muito mal a ele. Na época, eu sinceramente não o entendia, eu, que vivia sozinha, que tinha prazer nisso.Com o tempo, entendi o que ele quis dizer. E hoje, esse é um dos fantasmas que mais me assombram...
Tive um vizinha em minha infância, eu brincava na casa dele, e ele fez várias coisas para a minha mãe, pois ele era marceneiro, o sr Norberto. 
Ele morava sozinho, e isso parecia não importar, pois muitas vezes seus filhos vieram morar com ele, e pouco tempo depois, ia embora.
Certa noite, minha mãe chegou e me perguntou se eu não tinha vida um tumulto na rua, eu neguei com a cabeça, e ela me contou que encontram seu Norberto morto, sentando na poltrona, pelo estado do corpo, fazia dias que ele havia falecido. 
Ele teve um derrame, se alguém estivesse ali, hoje, ele estaria vivo, mas não, ele não fazia falta para ninguém, pois ninguém notou que ele não abriu a marcenaria, ninguém ligou pra ele, e viu que ele não atendia mais ao telefone, ninguém o visitou!
Ele foi descoberto por acaso, por uma criança...

Sei que ninguém é indispensável, entendo que todo ser humano é descartável, mas tenho medo de não ter cativado ninguém...de ter tido uma vida tão miserável que ninguém sinta a minha falta, de não ser especial pra ninguém...
E não me diga que ter filhos faz de você único para alguém, pois nós sabemos que isso não é verdade...
Enfim, meu maior medo, e acredito que esse medo, deva ser um dos maiores medos do mundo, acima inclusive do medo da morte.
Porque para morrer, basta estar vivo...
E para ser solitário? Basta o que?



domingo, 6 de janeiro de 2013

Nostalgia


Sei que esse blog é inteiro sobre nostalgia, afinal, ele nada mais é que um relato de memórias...
Mas hoje em especial, quero falar sobre Nostalgia!
Vocês podem achar um tremendo absurdo o que eu vou dizer agora, mas, a primeira vez que eu ouvi essa palavra, foi quando fui ao teatro com meu amigo Vinicius, éramos (somos) fãs da Sutil Companhia de teatro, e acompanhamos todos os seus trabalhos, desde "A vida é cheia de som e fúria . E quando nos surgiu a possibilidade de vê-los novamente, não pensamos duas vezes, encararíamos a fila quilométrica do Teatro Popular do Sesi, com todo o prazer do mundo.
Lembro-me até hoje do prospecto, uma imagem azulada de um rapaz sentado com a mão no rosto e ao fundo uma bicicleta.
E a cena mais marcante, Guilherme Weber segurando uma vinil do Smiths, enquanto a garota passava por ele com uma bicicleta.
Não sei porque registrei essa cena, mas é a que tenho mais viva, talvez por ter sido a partir desse momento que me viciei em The Smiths...enfim...
Naquele dia, naquele momento, eu nunca iria imaginar, que essa história, faria parte de um dos meus dias de nostalgia e lagrimas.

Aprendi que nostalgia é coisa que vem com a idade, naquele dia conheci a palavra e um pouco do seu significado, vendo a personagem embarcar em suas lembranças adolescentes.

Mas sentir na pele o que é nostalgia começou a pouco.
Acho que quando o passado, passou a ser mais interessante que o presente, e o futuro já não prometia nada de novo...

Vivi demais, e não digo referente a exagero, quer dizer que aproveitei cada oportunidade que a vida me ofereceu, nunca me contentei em ficar parada esperando acontecer, sempre fiz a hora.

Porém preciso confessar, que os tempos eram outros, os anos 90, definitivamente foram anos incríveis  e nada mais vai ser como eles.
Naquele tempo não tínhamos medo de sair na rua, lembro-me dos bailinhos que íamos  saíamos a pé, um grupo de jovens adultos e adolescentes e  caminhávamos, dois ou três bairros até chegarmos, e da mesma forma voltávamos, as 4h da manhã, tínhamos a certeza de que nada nos faria mal,.
Nenhuma mãe encrencava, confiavam em nossos amigos, pois naquele tempo, os amigos frequentavam nossa casa, conheciam nossos pais, e conseguíamos nos divertir por la mesmo, sem vídeo games, sem computadores.
Era um radinho, alguns cds, os sofás arrastados para o canto da sala, e a festa estava armada, não importava o tamanho da casa, sempre cabíamos todos, e dançávamos, sem vergonha, a noite inteira!

Hoje não temos segurança pra sair nem de carro, nem mesmo pela manhã, quem dirá caminhar em plena madrugada.
Hoje os pais protegem seus filhos como podem, e a rua, passou a ser uma zona de risco, logo ser trancado dentro da própria casa, com todos os recursos de tecnologia possíveis  tornou-se o método mais utilizado pra manter os filhos longe de toda e qualquer coisa que lhes possa fazer mal, desconsideram que tudo isso é o que mais lhes faz mal.
Percebi que quando falo com um amigo, ao invés de dizer a ele: "Aparece lá em casa" ou "Me liga", eu digo "me chama lá no face"
E me deparei com um encontro de amigos no Habbo, e uma festa do farol rolando numa sala de bate papo.
Esses dias conversando com um amigo virtual, e rindo a toa olhando pro computador, minha filha me perguntou, quem é mãe...e eu não tive explicação melhor do que dizer que era um amigo imaginário...
Ela sorriu, e disse, eu também tenho um monte, mas todos eles vem aqui brincar comigo, sim me senti um lixo, afinal, nem meus amigos imaginários vem a minha casa...

Viver sozinho na atual sociedade é mais que uma opção,é uma medida de segurança.
Minhas compras faço on line, uso internet bank, meus amigos são virtuais, meus encontros em salas de bate papo...

Sinto falta de conversar até altas horas da madrugada sentada com um amigo na calçada de cas;
sinto falta de caminhar a noite com um bando de gente, indo pra sabe la Deus onde;
Sinto falta das festas e das danças engraçadas e de todas as brincadeiras bobas;
Sinto falta dos acampamentos e de comer macarrão sem molho;
Sinto falta de matar aula na escola e voltar pra casa pra assistir seriados;
Sinto falta de fugir da ETE e ir pro bloco sete, tomar vinho porcaria e depois vomitar;
Sinto falta de caminhar pela avenida Kennedy, sonhando com o dia em que teria coragem de entra num barzinho daquele;
Sinto falta de dormir no chão do teatro, entre as poltronas, enquanto minha cena não era ensaiada;
Sinto falta de pegar carona com o Décio e ir até o metrô ouvindo suas histórias.;
Sinto falta das noites de estréia...

Sinto falta, porque vivi, porque foi bom, foram momentos especiais...

E algum poeta uma vez disse, saudade só dói quando a lembrança é boa!

Sapato velho

sábado, 25 de agosto de 2012

E foram felizes...até o próximo capitulo....


Tenho uma necessidade absurda de saber o fim de tudo.
Acredito que aconteceu lá na terceira série, quando minha professora reclamou de uma redação minha, dizendo que "felizes para sempre" não existe! Tudo e todos tem um fim, até mesmo as princesas viveram algo depois que os príncipes as resgatavam e achávamos que eles viveriam felizes até o fim de seus dias.

Na época, eu com 9 anos fiquei sem entender muito bem, mas mantive isso em minha cabeça, tanto que antes de  ler um livro, sempre lia o ultimo paragrafo, se me agradasse eu comprava e depois quando passei a escrever, procurei sempre finalizar minhas histórias de modo que o leitor se desse por satisfeito com o fim, sem reticencias, apenas um ponto final.

Com o passar dos anos, e com as frequentes despedidas, transferi essa necessidade para a minha vida. Sempre quero descobrir o que aconteceu com as pessoas que se foram, e não tem coisa mais triste pra mim, do que a frase:

"Nunca mais eu vi o dito, nem sei o que aconteceu com ele!"

Para mim é como se a história dele não tivesse uma continuidade...
Como se aquela pessoa parasse no tempo...
Aquele amiguinho do pré que sumiu após a formatura, ficou ali, não concluiu o ciclo da vida: infância, adolescência, jovem adulto, adulto.

E na minha busca por finais, percebi um padrão na vida das pessoas.
Quando o ciclo é rompido, a tendencia das pessoas é tentar voltar para onde se teve essa quebra.
Uma garota de engravidou na adolescencia e teve que antecipar a sua vida adulta, passado o seu momento difícil, procura seus amigos e lugares da adolescencia, como se ela não conseguisse seguir sem finalizar aquela fase.

Outro caso é o garoto nerd, que focou sua adolescencia inteira nos estudos, visando um futuro promissor, não saiu, não namorou, enfim não fez nada além de ter a cara enfiada nos livros. Porém quando atinge seu objetivo, tende a voltar para a fase que pulou, quer ir pra balada, vai paquerar, vira o tipico quarentão, que é chamado de "tio" mas insiste em paquerar menininhas de 18 anos.

Mas também existe o famosos peter pan, o sujeito que simplesmente não consegue finalizar a fase, todos a sua volta cresceram, mas ele insiste em se manter ali, não percebe que seu tempo passou. Ele continua no primeiro emprego, com o sonho adolescente de ser um super star (porque todo mundo em algum momento sonha em ser um super star) e expulsa da sua vida todos aqueles que finalizam a fase.

Eu entendo bem que não é fácil crescer, muito pelo contrario, cada fase que se finaliza é uma espécie de cordão umbilical que é cortado.
Deixa-se para trás coisas boas, coisas ruins, deixa-se para trás um pouco da gente também, mas por mais assustador que pareça, é necessário.
É necessário se livrar um de pouco da bagagem, para que novas coisas possam vir, novas experiências, novas conquistas...
Mas o novo sempre é assustador, é um tiro no escuro, um salto de fé, pode ser que se caia num monte de espinhos, ou apenas numa fofa nuvenzinha, o negócio é arriscar.
Entender que cada fase é uma fase, se infelizmente uma foi perdida, viva intensamente a seguinte, mas voltar, não trás felicidade a ninguém.

Eu posso dizer que vivi bem as minha fases, e as vezes até a saudade de coisas tão boas me deixam nostálgica. Não sinto necessidade de voltar para ela, mas olhar para trás faz com que eu veja que eu vivi intensamente cada fase, sem arrependimentos, remorso, sem tristeza.
Vivi de forma que ficou apenas saudade e boas histórias a serem contadas...


Poema

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ela disse adeus!


Separações nunca são faceis...
Mesmo as mais simples, podem causar muita dor!
Um amigo que muda de escola, ou que deixa o país...
Um irmão que sai de casa...
Um namoro que acaba...
Um casamento...
Uma morte...

Sei que esse ultimo é realmente muito doloroso, nunca ninguém está preparado pra ela, mesmo sabendo que essa é a unica certeza de nossas vidas...

Na verdade o que dói é o rompimento do laço!
Todos criamos laços, basta que tenhamos sentimentos por alguém, que esses laços surgem e com o passar dos dias eles ficam cada vez mais forte, e quanto mais forte o laço, mais dolorida é a dor que sentimos quando esse laço é rompido!
Tive muitos laços rompidos com o passar dos anos, eu sei, muitos outros ainda vão existir, mas acredito que com o tempo, vamos reduzindo a força com que criamos esse vinculo!
Se o laço se cria ao cativar alguém, passa-se a evitar cativar e ser cativado, e quando isso acontece, sabemos que por mais que sintamos forte e indestrutível, uma hora vai se romper e a dor... a dor será inimaginavel...

O Ano de 1991 não foi um ano muito interessante pra minha familia, apesar de termos feito uma viagem ao nordeste juntos, para passar férias, quando voltamos um clima pesado estava no ar, podiamos ver a estranheza no ambiente, e as faiscas que saiam dos olhos de meus pais...

O ano inteiro foi bastante conturbado, coisas muito ruins, realmente muito ruins aconteceram esse ano, coisas as quais eu daria tudo pra esquecer, pra se ter uma idéia da minha vontade de desaparecer com esse ano da minha cabeça, já pensei até me lobotomia!!!
Se hoje eu sou uma pessoa frustrada, de uma baixo estima desprezivel, deprimida, dentre outras coisas, devo muito a esse ano, não... na verdade não... eu devo tudo a esse maldito ano!
Você pode se perguntar o que poderia ter acontecido de tão absurdo com uma criança de 8 anos, que pudesse transformar sua vida de forma tão ruim...
Pois bem... nesse ano, minha mãe andava ausente e meu pai também... fiquei a mercê de pessoas que só queriam o meu mal... e sofri todas as conseqüências de ser a criança amada...

Tradicionalmente no mês de setembro, meu pai fazia seu churrasco de aniversário, naquela festa, em determinado momento, meu pai se entristeceu, e quando foi questionado sobre seu estado de espirito, ele disse: "Ano que vem não estaremos mais juntos"
Ninguém entendeu, acharam apenas que ele não faria a festa...

Alguns dias depois, por culpa dele mesmo, minha mãe foi embora, depois de ser vitima dele, mais uma vez, com o olho roxo, ela decidiu que não aguentaria mais aquilo e se foi... deixou-nos por 24h... e quando voltou, juntou nossas coisas, o pouco que ela tinha, porque tudo naquela casa era do meu pai (pelo menos ele via assim) e fomos embora!

A cena mais marcante desse dia foi minha irmã, voltando desesperada de uma conversa com meu pai, dizia que precisavamos sair dali o mais rápido possivel, pois ele havia dito, que se nos encontrasse quando retornasse, mataria a todos, carregou o revolver e saiu!
Lembro do pânico da minha mãe, lembro de muitas lágrimas e do alivio de entrar no caminhão de mudanças...

A principio, pra mim, tudo era novidade, não entendi exatamente o que estava acontecendo, acho que só fui ter uma noção, quando vi minha irmã mais velha aos prantos por sentir saudade de meu pai, o homem que ela mais odiava no mundo!

Nunca vi minha mãe derramar uma lágrima por causa do que aconteceu, mas também nunca mais vi ela sorrir...
Ela foi se fechando, não importava o que fizessemos, ela nunca estava feliz, nunca nada estava bom o suficiente!
Ela não tinha vontade de mais nada!

Tornou-se amarga, ao ponto de sua expressão facial neutra, ser uma cara amarrada, como se sempre estivesse com raiva de alguma coisa, frequentemente me questionei se essa raiva era de nós.
Ela nunca recomeçou, simplesmente sobreviveu, hoje fazem 21 anos que eles são separados e vejo que ela apenas teve uma sobrevida, e isso se dá, desde os seus 16 anos!

Os anos passaram, e vi minha vida como uma constante despedida, sempre me senti numa estação de trem, sempre no desembarque...
Foram-se inumeros amigos, confesso que não mantive nenhum amigo de infancia, não consigo me apegar, no momento em que eu sinto que eles precisam ir, eu os tiro da minha vida, não facilita muito as coisas, mas ameniza a minha dor.
Aprendi depois de muitas lagrimas que, quando alguém se muda, se vai, ela quer uma nova vida, nada que a prenda ao passado deve ser levado, logo as cartas vão diminuindo (sim eu ainda escrevo cartas), os telefonemas ficando raros, as visitas então...
Até o ponto que nada mais existe, a não ser saudade de tempos que se foram e jamais voltarão!

Isso não acontece apenas com amigos, no meu caso, com familia também, acho que é uma raridade, mas sempre pensei que no dia em que minha mãe faltar, eu não tornarei a ver irmão nenhum, crescemos sem laços, isso é estranho.

Sei muito sobre despedidas, mas acredito que nunca vou me adaptar a despedida definitiva, quando alguém vai embora, fica o sonho do reencontro, quando alguém morre, fica o que?
Perdi pra morte poucas pessoas, perdi a maioria pra vida mesmo.
E acredito, a unica que eu senti de verdade, foi quando Décio, amigo, diretor, mestre... se foi...
Foi uma morte tão boba, se um médico tivesse prestado atenção aos sinais, ele ainda estaria aqui conosco, mas não foi o que aconteceu.
Ele definhou tanto, que no caixão, era apenas uma casca vazia, parecia oco, nem de longe lembrava a figura risonha que conheci.
Ainda hoje, 5 anos após sua morte, ainda não consigo me referir a ele como alguém que se foi... e é o morto mais vivo que conheço, pois sempre faz parte das conversas, e sempre terminamos rindo de algumas de suas histórias, que já tornaram-se verdadeiros classicos.

Infelizmente, depois de um tempo, entendi, que não é dificil dar adeus, dificil é acordar todos os dias de manhã e dar por falta da pessoa, e lembrar que ela se foi.
Uma vez ouvi uma história, que carrego comigo, em meu acervo particular:

"Um sujeito havia perdido os dois braços na guerra, todas as noites e sonhava que era completo, que tinha seus braços de volta, e era feliz, porém na manhã seguinte, ao abrir os olhos, percebia que tudo não passava de um sonho, que jamais teria seus braços de volta!"

Ela disse adeus