domingo, 6 de janeiro de 2013

Nostalgia


Sei que esse blog é inteiro sobre nostalgia, afinal, ele nada mais é que um relato de memórias...
Mas hoje em especial, quero falar sobre Nostalgia!
Vocês podem achar um tremendo absurdo o que eu vou dizer agora, mas, a primeira vez que eu ouvi essa palavra, foi quando fui ao teatro com meu amigo Vinicius, éramos (somos) fãs da Sutil Companhia de teatro, e acompanhamos todos os seus trabalhos, desde "A vida é cheia de som e fúria . E quando nos surgiu a possibilidade de vê-los novamente, não pensamos duas vezes, encararíamos a fila quilométrica do Teatro Popular do Sesi, com todo o prazer do mundo.
Lembro-me até hoje do prospecto, uma imagem azulada de um rapaz sentado com a mão no rosto e ao fundo uma bicicleta.
E a cena mais marcante, Guilherme Weber segurando uma vinil do Smiths, enquanto a garota passava por ele com uma bicicleta.
Não sei porque registrei essa cena, mas é a que tenho mais viva, talvez por ter sido a partir desse momento que me viciei em The Smiths...enfim...
Naquele dia, naquele momento, eu nunca iria imaginar, que essa história, faria parte de um dos meus dias de nostalgia e lagrimas.

Aprendi que nostalgia é coisa que vem com a idade, naquele dia conheci a palavra e um pouco do seu significado, vendo a personagem embarcar em suas lembranças adolescentes.

Mas sentir na pele o que é nostalgia começou a pouco.
Acho que quando o passado, passou a ser mais interessante que o presente, e o futuro já não prometia nada de novo...

Vivi demais, e não digo referente a exagero, quer dizer que aproveitei cada oportunidade que a vida me ofereceu, nunca me contentei em ficar parada esperando acontecer, sempre fiz a hora.

Porém preciso confessar, que os tempos eram outros, os anos 90, definitivamente foram anos incríveis  e nada mais vai ser como eles.
Naquele tempo não tínhamos medo de sair na rua, lembro-me dos bailinhos que íamos  saíamos a pé, um grupo de jovens adultos e adolescentes e  caminhávamos, dois ou três bairros até chegarmos, e da mesma forma voltávamos, as 4h da manhã, tínhamos a certeza de que nada nos faria mal,.
Nenhuma mãe encrencava, confiavam em nossos amigos, pois naquele tempo, os amigos frequentavam nossa casa, conheciam nossos pais, e conseguíamos nos divertir por la mesmo, sem vídeo games, sem computadores.
Era um radinho, alguns cds, os sofás arrastados para o canto da sala, e a festa estava armada, não importava o tamanho da casa, sempre cabíamos todos, e dançávamos, sem vergonha, a noite inteira!

Hoje não temos segurança pra sair nem de carro, nem mesmo pela manhã, quem dirá caminhar em plena madrugada.
Hoje os pais protegem seus filhos como podem, e a rua, passou a ser uma zona de risco, logo ser trancado dentro da própria casa, com todos os recursos de tecnologia possíveis  tornou-se o método mais utilizado pra manter os filhos longe de toda e qualquer coisa que lhes possa fazer mal, desconsideram que tudo isso é o que mais lhes faz mal.
Percebi que quando falo com um amigo, ao invés de dizer a ele: "Aparece lá em casa" ou "Me liga", eu digo "me chama lá no face"
E me deparei com um encontro de amigos no Habbo, e uma festa do farol rolando numa sala de bate papo.
Esses dias conversando com um amigo virtual, e rindo a toa olhando pro computador, minha filha me perguntou, quem é mãe...e eu não tive explicação melhor do que dizer que era um amigo imaginário...
Ela sorriu, e disse, eu também tenho um monte, mas todos eles vem aqui brincar comigo, sim me senti um lixo, afinal, nem meus amigos imaginários vem a minha casa...

Viver sozinho na atual sociedade é mais que uma opção,é uma medida de segurança.
Minhas compras faço on line, uso internet bank, meus amigos são virtuais, meus encontros em salas de bate papo...

Sinto falta de conversar até altas horas da madrugada sentada com um amigo na calçada de cas;
sinto falta de caminhar a noite com um bando de gente, indo pra sabe la Deus onde;
Sinto falta das festas e das danças engraçadas e de todas as brincadeiras bobas;
Sinto falta dos acampamentos e de comer macarrão sem molho;
Sinto falta de matar aula na escola e voltar pra casa pra assistir seriados;
Sinto falta de fugir da ETE e ir pro bloco sete, tomar vinho porcaria e depois vomitar;
Sinto falta de caminhar pela avenida Kennedy, sonhando com o dia em que teria coragem de entra num barzinho daquele;
Sinto falta de dormir no chão do teatro, entre as poltronas, enquanto minha cena não era ensaiada;
Sinto falta de pegar carona com o Décio e ir até o metrô ouvindo suas histórias.;
Sinto falta das noites de estréia...

Sinto falta, porque vivi, porque foi bom, foram momentos especiais...

E algum poeta uma vez disse, saudade só dói quando a lembrança é boa!

Sapato velho

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