segunda-feira, 13 de maio de 2013

Será para mim, única no mundo!



Quando eu tinha cerca de 17 anos, comecei a cursar ETE Lauro Gomes em São Bernardo do Campo, um lugar mágico, sempre acreditei que quando se atravessa os portões daquele lugar, vc é direcionado a um universo paralelo, pois nada acontece lá, sem que vc carregue aquele contigo pra sempre, todas as lições lá, são aprendidas.
Conheci pessoas incríveis, e acredito sinceramente que cada uma delas mereçam que suas histórias em minha vida sejam contadas, hoje, porém começarei com a primeira pessoa que eu troquei uma palavra lá.

Fábio!

Lembro-me apenas que ele era mais velho do que eu, bem mais velho, só realmente não me lembro o quanto, mas idade nunca foi nada pra mim, via pessoas, vejo, todas são iguais, apenas com mais ou menos experiência, e uma coisa não está ligada a outra.

Fábio era uma fonte sem fim de histórias incríveis e bons conselhos.
Ele havia vivido muito, feito coisas muito erradas, e naquele momento, ele estava tentando recomeçar, estudar, se formar, ser um engenheiro, e como tínhamos um milhão de sonhos e idéias em comum, nossa amizade fluiu como agua.

Um dia o qual me lembro perfeitamente, foi uma tarde ensolarada, sentados atrás dos bancos, na parte gramada, vendo a cidade la de cima, e conversávamos sobre saber amar.
Eu disse num comentário infeliz, que alguém não sabia amar, e ele sem tirar o belo sorriso que tinha dos lábios, me retrucou: "E você sabe? Não! Você não sabe!"

Eu não consegui dizer nada, porque aquilo era verdade, gostar de alguém, se sentir apaixonado, nada tem a ver com amor.

Pouco tempo depois dessa conversa, ele foi embora, não terminou o semestre, simplesmente sumiu, pra minha tristeza, que havia perdido um grande amigo.

Mas algo ficou, eu passei muitos anos sem entender o que ele queria dizer com saber amar, o que era esse amor, essa coisa tão difícil de entender?
E sai em busca do maior amor do mundo, aquele que ninguém tem, aquele que consome, aquele que a gente vê nas letras de musica, ou nos filmes.
Eu busquei ele em todos os lugares, nos mais inusitados, eu busquei, eu amei, e tive meu coração partido em  cem por cento das vezes, porque, talvez, eu não soubesse o que eu estava procurando.

Eu ouvi palavras duras, eu fui jogada fora, esquecida, e cada vez mais chegava a conclusão que os outros não sabiam amar, que amor, isso é mentira, porque ninguém pode fazer de alguém assim tão importante, ninguém pode amar, como o pequeno príncipe amava sua rosa, ela era único no mundo para ela, mas ela só tinha a ele, ele não, viajou o mundo inteiro, encontrou outras rosas, e mesmo assim, foi fiel e leal ao amor da sua.

Mas talvez, apenas ontem eu tenha entendido o que é amar de verdade.
Porque eu pude ver, eu pude sentir, não apenas o maior amor do mundo que eu tanto busquei, mas o amor incondicional. Aquele que não se importa com o que vc faz, ele não some, ele não diminui, ele apenas aumenta.
Ele não precisa ser declarado a todo instante, na verdade, com um amor assim, a frase "eu te amo" é completamente dispensável, ele é tão forte e imenso, que se vê nos olhos, se sente no toque, daquele que nunca vai te abandonar, vai estar ao seu lado, mesmo q vc o machuque, pq é muito facil machucá-lo, porque ao contrario do que pensamos, ele é sutil, invisível aos olhos comuns, mas quando vc aprende a vê-lo, vai entender tudo o que foi incapaz de ver a vida inteira.

Como o aperto de mão do meu pai, vale mais que um milhão de abraços apertados.
Que o olhar das minhas filhas, e o seu sorriso, pra mim, mesmo depois que eu brigo com elas, vale mais que todos os eu te amo, que eu ouvi na minha vida.

Ontem eu vi que eu já era a rosa de alguém, mas fui incapaz de ver, pq eu nunca soube o que eu estava procurando, fui atrás de esteriótipos, mas a verdade é que amor, não é nada disso que te mostram na tv.
Vc não aprende nos livros, não está escrito em canto nenhum que aquele cara, que esquece o aniversário seu aniversário, ou que não se importa se hoje é um dia especial ou não, aquele que parece te ignorar, que nunca presta atenção em nada que vc diz, é a pessoa no mundo que te ama incondicionalmente.

Ele pode não ouvir vc falar da novela, mas ele vai saber quando vc esta precisando desabafar, e vai te ouvir, e sem dizer nenhuma palavra, sem te julgar, recriminar, vai te ouvir.
Vai cuidar da sua dor, mesmo que fazer isso o mate por dentro.
ele vai secar a suas lagrimas e custe o que custar ele vai devolver o sorriso aos seus lábios.
Ele vai ser seu amigo, sua família, seu anjo, seu tudo.
Ele nunca vai embora, e nunca vai te deixar ir.
Porque a única coisa que é verdade de todas essas coisas que se lê sobre amor, é que ele nunca acaba, nunca vai embora, porque quem te ama, não desiste de você. Isso é verdade.

Se quer aprender a amar, feche os olhos, tape os ouvidos e apenas sinta!


Somebody to love

quinta-feira, 21 de março de 2013

Você tem medo de que?



Medo, segundo o dicionário Aurélio, medo é um sentimento de viva inquietação ante noção de perigo real ou imaginário. 
Geralmente nossas fobias começam em nossa infância, algumas incentivadas por adultos, outras alimentadas dentro nós, sabe lá Deus o porque...
Eu nunca fui das mais medrosas, não tenho medo de escuro, acredito que nunca tive. Sempre gostei de histórias de terror, inclusive, tenho verdadeira paixão por filmes do gênero e games então, nossa, quanto mais assustador mais interessante. Porém, tenho meu estilo de terror, gosto de terror a lá Zé do Caixão, acho muito melhor uma porta que se fecha, sem motivo nenhum aparente, do que um corpo coberto de sangue, porém é muito comum as pessoas confundirem uma espécie de nojo com medo. Por exemplo, tenho o maior nojo de baratas, mas não tenho medo, da mesma forma que ver viceras e sangue espalhados, isso dá nojo, não medo.
Eu, tenho quatro medos insanos, desses que eu sempre procurei explicação, mas não encontro nada plausível, talvez um bom terapeuta conseguisse encontrar a origem deles, mas por hora, me contento em apenas falar sobre a existência deles, sem entender sua origem.
Flor de maracujá (enquanto busco essa imagem, estou toda arrepiada)
Muitos acham essa florzinha de uma beleza incrível, e é até um elogio ser chamada de flor de maracujá. 
Eu, por minha vez, vejo um perigo mortal. Pior que um monstro, na verdade, isso pra mim é um monstro, um bicho nocivo, e me lembro de ter pavor dessa florzinha aí, desde que me entendo por gente.
Se eu passo por um pé de maracujá, eu não olho para ele, se tem uma flor, tenho ataque de pânico, já saí correndo, se não posso fazê-lo, começo a suar frio e a tremer.
Ta eu sei, é só uma florzinha, aqui, consciente, eu consigo assimilar isso, ma na hora do vamos ver, minha sanidade para de responder.

Borboletas 
Outro medo, completamente sem noção.
Ter uma borboleta no mesmo ambiente, para mim, é aterrorizante.
Sei, elas não podem me fazer mal, porém...eu não tento explicar...só sei que tenho medo.
Ontem mesmo uma apareceu na janela do banheiro, durante o banho, e meu coração quase saiu pela boca, a vontade era de sair dali o mais rápido possível.
E o meu medo é tão absurdo que acabei passando ele, ou parte dele, para minha filha mais velha.
Certa vez, estávamos chegando ao posto de saúde do bairro, para levar minha filha menor a uma consulta de rotina, No momento em que estávamos entrando pela porta da recepção, Cecília deu um grito tão desesperado que os médicos saíram de seus consultórios pra ver o que estava acontecendo.
Olhei pra ela, que estava sem cor, olhando pra minha calça, apontando a borboleta que tinha pousado em mim. Tremendo e controlando meu pânico, dei um tapa na borboleta, e fingi que nada tinha acontecido, dali em diante, precisei me policiar na frente dela, para que ela não herdasse meu medo maluco.
Hoje ela gosta dessas coisinhas com asas, mas pra mim...isso ainda é fonte de muito medo!

Palhaços
Seja sincero, existe coisa mais aterrorizante que um palhaço? Esse sorriso desenhado, esse fingir estar sempre feliz.
Palhaços pra mim são macabros, a verdadeira face do mal!
Ta...esse medo eu entendo, um pouco...
Começou na primeira vez que fui ao circo, na época, esses circos de bairro chamavam as crianças pra brincar no picadeiro.
E eu fui uma das crianças escolhidas, e um palhaço presidia a brincadeira, porém cada eliminado era conduzido até a arquibancada novamente, pelo palhaço, que corria atrás delas com um taco de baseball na mão...e eu fui uma das crianças perseguidas...
E por fim...minha adorável irmã, que fez com que eu assistisse com ela, "it, obra prima do medo"
Bem, se vc assistiu a esse filme antes de completar 10 anos, assim como eu, certamente vc tem pavor de palhaços e de balões de festa...

Solidão 

Certa vez, ouvi de um professor de faculdade, que ele confundia fácil, estar sozinho,  com solidão, por isso ele evitava ficar desacompanhado, pois estar só, fazia muito mal a ele. Na época, eu sinceramente não o entendia, eu, que vivia sozinha, que tinha prazer nisso.Com o tempo, entendi o que ele quis dizer. E hoje, esse é um dos fantasmas que mais me assombram...
Tive um vizinha em minha infância, eu brincava na casa dele, e ele fez várias coisas para a minha mãe, pois ele era marceneiro, o sr Norberto. 
Ele morava sozinho, e isso parecia não importar, pois muitas vezes seus filhos vieram morar com ele, e pouco tempo depois, ia embora.
Certa noite, minha mãe chegou e me perguntou se eu não tinha vida um tumulto na rua, eu neguei com a cabeça, e ela me contou que encontram seu Norberto morto, sentando na poltrona, pelo estado do corpo, fazia dias que ele havia falecido. 
Ele teve um derrame, se alguém estivesse ali, hoje, ele estaria vivo, mas não, ele não fazia falta para ninguém, pois ninguém notou que ele não abriu a marcenaria, ninguém ligou pra ele, e viu que ele não atendia mais ao telefone, ninguém o visitou!
Ele foi descoberto por acaso, por uma criança...

Sei que ninguém é indispensável, entendo que todo ser humano é descartável, mas tenho medo de não ter cativado ninguém...de ter tido uma vida tão miserável que ninguém sinta a minha falta, de não ser especial pra ninguém...
E não me diga que ter filhos faz de você único para alguém, pois nós sabemos que isso não é verdade...
Enfim, meu maior medo, e acredito que esse medo, deva ser um dos maiores medos do mundo, acima inclusive do medo da morte.
Porque para morrer, basta estar vivo...
E para ser solitário? Basta o que?



domingo, 6 de janeiro de 2013

Nostalgia


Sei que esse blog é inteiro sobre nostalgia, afinal, ele nada mais é que um relato de memórias...
Mas hoje em especial, quero falar sobre Nostalgia!
Vocês podem achar um tremendo absurdo o que eu vou dizer agora, mas, a primeira vez que eu ouvi essa palavra, foi quando fui ao teatro com meu amigo Vinicius, éramos (somos) fãs da Sutil Companhia de teatro, e acompanhamos todos os seus trabalhos, desde "A vida é cheia de som e fúria . E quando nos surgiu a possibilidade de vê-los novamente, não pensamos duas vezes, encararíamos a fila quilométrica do Teatro Popular do Sesi, com todo o prazer do mundo.
Lembro-me até hoje do prospecto, uma imagem azulada de um rapaz sentado com a mão no rosto e ao fundo uma bicicleta.
E a cena mais marcante, Guilherme Weber segurando uma vinil do Smiths, enquanto a garota passava por ele com uma bicicleta.
Não sei porque registrei essa cena, mas é a que tenho mais viva, talvez por ter sido a partir desse momento que me viciei em The Smiths...enfim...
Naquele dia, naquele momento, eu nunca iria imaginar, que essa história, faria parte de um dos meus dias de nostalgia e lagrimas.

Aprendi que nostalgia é coisa que vem com a idade, naquele dia conheci a palavra e um pouco do seu significado, vendo a personagem embarcar em suas lembranças adolescentes.

Mas sentir na pele o que é nostalgia começou a pouco.
Acho que quando o passado, passou a ser mais interessante que o presente, e o futuro já não prometia nada de novo...

Vivi demais, e não digo referente a exagero, quer dizer que aproveitei cada oportunidade que a vida me ofereceu, nunca me contentei em ficar parada esperando acontecer, sempre fiz a hora.

Porém preciso confessar, que os tempos eram outros, os anos 90, definitivamente foram anos incríveis  e nada mais vai ser como eles.
Naquele tempo não tínhamos medo de sair na rua, lembro-me dos bailinhos que íamos  saíamos a pé, um grupo de jovens adultos e adolescentes e  caminhávamos, dois ou três bairros até chegarmos, e da mesma forma voltávamos, as 4h da manhã, tínhamos a certeza de que nada nos faria mal,.
Nenhuma mãe encrencava, confiavam em nossos amigos, pois naquele tempo, os amigos frequentavam nossa casa, conheciam nossos pais, e conseguíamos nos divertir por la mesmo, sem vídeo games, sem computadores.
Era um radinho, alguns cds, os sofás arrastados para o canto da sala, e a festa estava armada, não importava o tamanho da casa, sempre cabíamos todos, e dançávamos, sem vergonha, a noite inteira!

Hoje não temos segurança pra sair nem de carro, nem mesmo pela manhã, quem dirá caminhar em plena madrugada.
Hoje os pais protegem seus filhos como podem, e a rua, passou a ser uma zona de risco, logo ser trancado dentro da própria casa, com todos os recursos de tecnologia possíveis  tornou-se o método mais utilizado pra manter os filhos longe de toda e qualquer coisa que lhes possa fazer mal, desconsideram que tudo isso é o que mais lhes faz mal.
Percebi que quando falo com um amigo, ao invés de dizer a ele: "Aparece lá em casa" ou "Me liga", eu digo "me chama lá no face"
E me deparei com um encontro de amigos no Habbo, e uma festa do farol rolando numa sala de bate papo.
Esses dias conversando com um amigo virtual, e rindo a toa olhando pro computador, minha filha me perguntou, quem é mãe...e eu não tive explicação melhor do que dizer que era um amigo imaginário...
Ela sorriu, e disse, eu também tenho um monte, mas todos eles vem aqui brincar comigo, sim me senti um lixo, afinal, nem meus amigos imaginários vem a minha casa...

Viver sozinho na atual sociedade é mais que uma opção,é uma medida de segurança.
Minhas compras faço on line, uso internet bank, meus amigos são virtuais, meus encontros em salas de bate papo...

Sinto falta de conversar até altas horas da madrugada sentada com um amigo na calçada de cas;
sinto falta de caminhar a noite com um bando de gente, indo pra sabe la Deus onde;
Sinto falta das festas e das danças engraçadas e de todas as brincadeiras bobas;
Sinto falta dos acampamentos e de comer macarrão sem molho;
Sinto falta de matar aula na escola e voltar pra casa pra assistir seriados;
Sinto falta de fugir da ETE e ir pro bloco sete, tomar vinho porcaria e depois vomitar;
Sinto falta de caminhar pela avenida Kennedy, sonhando com o dia em que teria coragem de entra num barzinho daquele;
Sinto falta de dormir no chão do teatro, entre as poltronas, enquanto minha cena não era ensaiada;
Sinto falta de pegar carona com o Décio e ir até o metrô ouvindo suas histórias.;
Sinto falta das noites de estréia...

Sinto falta, porque vivi, porque foi bom, foram momentos especiais...

E algum poeta uma vez disse, saudade só dói quando a lembrança é boa!

Sapato velho