quinta-feira, 6 de março de 2014

Filosofia Braviary


Sou uma apaixonada pela cultura japonesa, desde...desde...Cavaleiros do Zodíaco!
Sim, talvez a maioria de vocês ache um absurdo, mas e daí, me apaixonei pelo anime, a assim fui conhecer um pouco mais, e me apaixonei.
Me tornei uma grande consumidora de Animes, Mangás, e rock japonês, sem contar a culinária fantástica, mitologia, moda, e minha paixão mor, brinquedos!!!
E é tradição minha, quando quero tirar um dia pra mim, ir passear na Liberdade, respirar essa cultura oriental me faz um bem, que eu mesma não sei explicar.
Hoje, não foi diferente, depois de um pouco de tensão, dessas que eu não sentia desde que prestei vestibular pela ultima vez, eu decidi fazer meu passeio relaxante pelo bairro da Liberdade.
Tomei café, como de costume, na Bakery Itiriki (a propaganda é de graça, eles merecem), e fui caminhar, depois de uma hora de caminhada, decidi ir às compras, no Sogo, e entre uma loja e outra, encantada pelas pelúcias dos meus personagens favoritos de mangá, comecei a conversar com um vendedor, um jovem, de uns 18 anos, muito simpático.
Quando retirou um objeto que pedi do mostruário, ele me pediu um segundo para fechar um enorme alfinete, comentei com ele que eu não gostava de me furar, ele sorriu, e disse que naquele lugar você nem tinha essa opção, que já havia se furado tanto, que nem sentia mais.
Disse a ele que entendia, eu era assim com queimaduras, por causa dos meus instrumentos de trabalho, ele então me retrucou dizendo que com queimaduras era preciso cuidado, pois elas deixavam cicatrizes, sem pensar muito, respondi que cicatrizes era sinais de experiencia.
Mais uma vez o menino sorriu e disse "Filosofia Braviary"
-Oi? - perguntei sem entender.
-Braviary é um pokemon, quanto mais cicatrizes, mais respeitado ele é dentro do grupo...

Fui embora, mas isso ficou em minha cabeça...
Comecei a pensar em todas as cicatrizes que carrego comigo, não me refiro as visíveis, as marcas em minha pele, que não sou poucas, mas as marcas em minha alma, as marcas que fazem de mim a pessoa que sou hoje, porque sei que sem a maioria delas a vida seria diferente, talvez até mais fácil. Certamente menos dolorida seria, afinal, de onde vem as cicatrizes, de feridas profundas, pois as superficiais não marcam, só os grandes machucados...

Lembro-me de na minha adolescência, dizer a uma amiga, que se eu, um dia, tirasse a máscara que uso, ela veria tantas cicatrizes, e aos olhos dela, eu seria um monstro. Eu tinha 17 anos, e juro, não exagerei em nada. Tenho marcas em mim tão profundas, que me pergunto se são de verdade cicatrizes, ou se são feridas abertas, porque as vezes posso garantir que elas sangram.
Hoje, tenho 30, são mais 13 anos de cicatrizes, e eu não tenho coragem de me olhar no espelho, sem a máscara que eu mesma me dei a anos, não sei como é por baixo dela, tenho de verdade medo de um dia ela quebrar e eu ter que conviver com esse ser marcado, que eu sou, as vezes ela trinca, e um pouco desse "demonio", vem a tona, e eu sei o quanto ele é terrivel, logo, encontro meios de corrigir a trincadura.
As vezes nem é preciso muito, apenas um tempo dentro da minha própria cabeça ajuda, uma conversa com a minha Kyuubi, e pedir a ela mais tempo, pedir que ela não venha pra fora, implorar que ela continue fechada, pois ninguém está preparado pra vê-la de verdade...

Quando comecei esse blog, eu afirmei que eu não sabia quem eu era...
Hoje eu me pergunto se eu não sei mesmo, ou se apenas poupo os outros de conhecer o que só eu conheço...

Cicatrizes...não são ruins, na verdade, as vejo como um sinal, um aviso, se você fizer de novo, vai se machucar.
As cicatrizes impedem que você cometa os mesmos erros...

Semanas atrás a Ellie queimou o braço, depois de eu dizer um milhão de vezes pra ficar longe dos meus equipamentos...Agora, toda vez que ela olha a cicatriz, sabe que se mexer de novo, vai se queimar, ela olha o braço e logo diz "quente".

Sim ela aprendeu a lição, e eu espero que essa seja a unica cicatriz que ela leve para sua vida, apesar de saber que isso não será possível, mas me comprometo a fazer de tudo para que elas carreguem o minimo, que elas não sejam pessoas marcadas...e que a filosofia braviary acabe aqui, em mim!



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